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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Primeira aula de Prática Médica

"Tudo é novo para quem é novo."

Minha mãe

Quando entramos em Medicina sentimos uma fascinação enorme por tudo, sendo que os exemplos que temos logo no começo do curso ficam fortemente gravados em nossa memória, afinal de contas, dedicamos muito esforço para entrar na USP, sendo que cada aula parece mágica.

Escrevi o texto a seguir quando estava no primeiro ano, após minha primeira aula de Prática Médica, uma das disciplinas do primeiro ano intitulada: "Introdução à medicina e suas especialidades".

Entrar no centro cirúrgico é magnífico, ainda mais quando é o da sua faculdade e o do maior hospital da América Latina!

O mais legal de tudo é ter a certeza de que todo esforço valeu a pena!

Grande abraço,

Lucas Nóbrega

Acadêmico Faculdade de Medicina USP


"Hoje tive minha primeira aula de prática médica! Foi no nono andar do ICHC, no centro cirúrgico, bloco 3, sala 29. Cheguei no vestiário, dei meu cartão do HC e peguei as roupas: foi a segunda vez que me vesti para uma cirurgia no HC e a primeira sem nenhuma orientação. Foi muito legal, um sentimento de independência muito bom, pois o que parece bastante simples para quem já está na rotina apresenta-se como um ritual complexo para quem é leigo.

A cirurgia foi uma retirada das glândulas paratireóides, seguida de reimplante de 30 fragmentos de 1mm. no antebraço do paciente. Acompanhei o Hugo, R3 que liderou a cirurgia, a Ana, R2 que atuou como assistente e o Júlio, R1 que instrumentou. Havia ainda a Cris, enfermeira, o Marcos, anestesista e o João, veterano do segundo ano que já cursou odontologia.

A retirada foi tranqüila, seguida do reimplante, ao qual assisti apenas parcialmente pois tinha de ir à tutoria, com o professor Mutarelli, que infelizmente estava ausente, devido ao Congresso brasileiro de neurologia.

O professor Marcus Taveres entrou duas vezes na sala cirúrgica para conferir procedimentos e dar orientações, como sempre, foi bastante atencioso com o pessoal.

Toda a equipe, principalmente a dos residentes, é muito paciente, e me expluicou os procedimentos de lavagens de mãos até as intervenções e equipamentos que iam utilizando. O destaque foi o Júlio, que me explicava os nomes dos instrumentos e a aplicação.

Ganhei o dia, logo de manhã! "


São Carlos, 28 de Dezembro de 2009.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Vergilius Neto

Estratégia de prova


Olá meus queridos futuros colegas de profissão,
estou mandando aqui a descrição da técnica que eu usava para fazer simulado tipo teste de 90 questões de duração de 5 horas (simulados da primeira fase da FUVEST). Sabe-se como é forte a competição entre os vestibulandos “de elite” que concorrem ao curso de medicina. Tendo isso em vista, fica bem claro que, além do preparo teórico, estratégias técnicas podem render aqueles pontinhos a mais que fazem toda a diferença. Claro que “cada um é cada um” e que, portanto, uma única estratégia pode ser válida para uma pessoa e não para outra. Apesar disso, resolvi mandar a técnica que eu usava, pois eu a desenvolvi ao longo da minha experiência de dois anos de cursinho, procurando ajustar à maneira como minha cabeça funcionava as inúmeras dicas diferentes que vários professores davam a respeito de como fazer os simulados. Essa técnica foi o que fez a diferença para mim (os pontinhos a mais que eu falei anteriormente), pois provas teste eram a minha especialidade e a minha aprovação na FUVEST deveu-se aos 83 pontos (de 89) que eu alcancei na primeira fase do vestibular (já que a minha segunda fase não me permitiu tanto destaque). O texto é longo, mas altamente recomendável para aqueles que se julgam com bom preparo teórico, mas sempre perdem alguns pontinhos nos simulados devido a “falhas técnicas”, como erros de bobeira, de falta de concentração, de falta de tempo, etc.

Vamos lá então:

Princípio básico: todas as 90 questões valem exatamente a mesma coisa, não tendo, portanto, vantagem nenhuma acertar uma questão difícil se, para isso, ser obrigado a errar várias fáceis.

Metodologia: mapear a prova, fazendo uma triagem inicial e resolvendo as questões seguindo o seguinte critério:
Mais rápidas ---> mais demoradas

NOTE A SUTILEZA: Mas rápido NÃO significa NECESSARIAMENTE, mais fácil. Agora, de fato, uma questão muito difícil é mais demorada de se fazer. Uma questão demorada, entretanto, pode ser fácil talvez.

Então, a maneira que eu fazia era assim:
primeira leitura (deve demorar cerca de 3 horas e meia), da questão 1 a 90 (nessa ordem):
leia a questão (todas elas, não pule antes de ler!!) e resolva-a se a resposta ou a solução dela vier imediatamente na sua cabeça. Mesmo que seja uma questão difícil, sofisticada, mas que o seu bom preparo te permita a resolução imediata.
Quais quer questões diferentes dessas, faça da seguinte maneira:
- questões em que você ficou em dúvida entre duas ou mais alternativas: faça um risco forte e visível nas alternativas já descartadas, para que você não perca tempo lendo-as novamente. Marque o número da questão com um circulo.
- questões de exatas que você sabia a resolução, fez as contas e chegou em uma resposta que não batia com nenhuma das 5 alternativas: NÃO refaça as contas mais de 2 vezes. deixe as contas anotadas no rascunho de maneira organizada, para que possam ser revisadas POSTERIORMENTE. Marque o numero dessas questões com um quadradinho
- questões de exatas que você começou a tentar fazer e viu que chegou em números muito absurdos (tipo 2394234x382393), ou com um enunciado tão complexo que você nem entendeu o que ela pede, mas acha que no fundo é capaz de fazer se entender e pensar com calma, ou ainda que você acha que manja a teoria, mas não está sacando a saída (tipo, traçar uma paralela, chamar tal lado de X, algo assim): pule, mas deixe marcado o numero da questão com uma "estrelinha".
- questões para as quais você não faz a menor idéia da resposta (serão raras para um “vestibulando-top” como você): pule e marque o numero delas com um triângulo.

Ao fim da primeira leitura, tendo-se passado cerca de 3 horas e meia (sempre de olho no relógio!), passe as respostas para o gabarito. Lembre-se, você está passando respostas que você tem certeza que acertou, que só errou por distração (supondo-se maior concentração possível, serão mínimos esses erros, na pratica você está literalmente garantindo a quantidade mínima de pontos que sua capacidade permite que você faça, ao passar as respostas dessa primeira leitura para o gabarito).

Levante, vá ao banheiro, faça xixi, lave o rosto, beba água na volta para a sala, coma alguma coisa (se quiser)...esse período de passar as questões para o gabarito e fazer a breve pausa te tomarão cerca de 30 minutos (descanso adequado para o seu cérebro). Isso significa que você começará a segunda leitura quando tiverem sido passados cerca de 4 horas de prova, sobrará uma ainda. Mas relaxa! a maioria das questões já foram feitas...devem ter sobrado umas 20 para fazer, que você já leu e já pensou a respeito. Uma hora é o suficiente.

Segunda leitura: resolução das questões marcadas com círculos, quadrados e estrelinhas.

Primeiro as marcadas com círculo (aquelas que você ficou na dúvida): leia atentamente as alternativas. Existem boas chances de você perceber o erro das alternativas que não são a certa e que você não tinha percebido antes, por desatenção (por exemplo: “Ta dizendo Dom Pedro I e não Dom Pedro II!!!!”). Se isso acontecer, marque de uma vez a resposta que você chegou. Se você tiver CERTEZA absoluta que as 4 alternativas que não são a que você quer marcar estão erradas, marque a não-eliminada sem medo, mesmo que você não tenha certeza absoluta do porquê aquela está certa (as vezes o que importa não é achar a certa, e sim eliminar as 4 erradas. O teste pode estar mal feito.). Agora, se a dúvida persistir, promova a questão para uma marca de triangulo, pule e siga
em frente.

Segundo
as marcadas com quadrado:
essas são aquelas que você manja a teoria, mas não chegou em nenhuma das respostas. quando isso acontecer, levante as mãos e agradeça a Deus, porquê se você tivesse chegado em uma resposta com alternativa você teria errado a questão. Reveja as contas PASSO A PASSO, sem pular sequer uma passagem. 90% de chance de você encontrar seu erro ali. Agora, se você tiver certeza absoluta que não errou nas contas, repense se a teoria que você usou está certa. Muito provavelmente essa questão você vai matar, porque isso acontece quando você manja a teoria e estava fazendo algum erro bobo quando tentou resolvê-la pela primeira vez. Caso isso não aconteça, a questão deve ser promovida para triangulo também, e siga
em frente.

Terceiro
as marcadas com estrelinha: aquelas que no fundo você sabe que sabe, mas ainda não viu a saída. Essas você (que ainda terá a essa altura do campeonato uns 40 minutos de prova, porque os 2 primeiros passos dessa segunda leitura são rápidos), você pensa com calma. Muitas delas você resolverá de imediato. É o famoso "putz!! é isso" que geralmente as pessoas pensam DEPOIS que entregaram a prova para o fiscal, já do lado de fora da sala porque não deixaram o cérebro amadurecer a idéia. Não é o que está acontecendo com você, já que você deu uma segunda chance pra o seu cérebro, com a “cuca mais fresca” e com umas 80 questões da prova já resolvidas. Pense com calma nelas, lembre-se que ainda há tempo. Desencane só quando faltarem uns 15 minutos pra o fim. As que não rolarem por qualquer motivo, promova-as também para triângulos.

OBS: nessa segunda leitura, faça-a com o cartão de respostas ao lado e marque nele as alternativas assim que você resolver cada questão, para evitar acidentes tipo "acabou o tempo e ainda não passei nenhuma das que faltava"

terceira leitura: resolver os triângulos. você ainda tem 15 minutos, umas 82, 83 questões resolvidas. Devem faltar, para um vestibulando bem preparado, umas 7 que foram promovidas a triângulos (não significa que você certamente acertou 83, porque existem os erros de bobagem, mas você já se garantiu na maioria delas).

Aqui vale uma observação: você pode dizer “Ah! Então esse cara está dizendo que eu só vou chutar “às cegas” umas 7 questões??” E eu digo “sim! Pense que quando você normalmente corrige seus simulados, se você é um concorrente com preparo acima do normal (o que é necessário se você alimenta esperanças de passar na pinheiros) você vê que grande parte das que você errou, não foi por falta de teoria, mas por outros motivos, já citados. Essas poucas que sobram no final são as que você não sabe mesmo. Por falta de teoria, capacidade de interpretação de texto, problema na redação da questão pelo enunciador, etc. São aquelas não permitem que todos 175 que passam gabaritem a FUVEST (mesmo que o preparo teórico de todos seja muito alto e muito similar). Esse método permite que você só erre ESTAS, e não outras que você erra por qualquer outro motivo. São aqueles 4, 5 ou até mais pontos a mais que fazem toda a diferença.


Leia com calma, você tem 5 minutos pra ler todas elas. Dê uma segunda chance a todas, veja se a resposta sai. Se você tiver sorte, uma ou outra delas talvez saia. Se não, o que eu fazia era eleger uma delas para brigar até o fim, e desencanava das outras.

Quarta "leitura", o levantamento estatístico:
veja quantas letras você marcou de cada alternativa, e chute as poucas que sobram na letra que foi menos marcada. Se as alternativas foram escolhidas de maneira aleatória, probabilisticamente falando, é certo que existem aproximadamente o mesmo número de questões com gabarito “a”, “b”, “c”, “d” e “e”. Claro que, se a letra eleita for “b” e uma questão que você não sabe você já eliminou a letra “b”, você não vai marcar esta, marque outra (talvez a segunda letra menos escolhida por você ao longo da prova). Isso amplia suas chances de acertar “no chute”.

Quinta (e última) leitura (você tem só uns 5 minutos antes do fiscal tomar sua prova):
fique “quebrando a cuca” naquela que você elegeu como sua favorita (obviamente, a que você achou a mais factível). Existe uma chance considerável de você não chegar a uma conclusão, mas não tem nada a perder, só a ganhar (1 ponto extra).Talvez você ache a solução, e garanta mais um pontinho. Senão, você chuta de uma vez a alternativa eleita a menos escolhida e entrega a prova com a consciência limpa de que você usou seu tempo da melhor maneira possível.



Observações finais:
- os símbolos escolhidos foram arbitrários, escolha os que você quiser. Mas não os confunda. Simbolize de diferente maneira os diferentes tipos de questões, para você não perder tempo tendo que re-ler cada uma antes de fazer as leituras posteriores à primeira.
- NÃO pense NUNCA na nota que você vai tirar, policie seu cérebro, isso é questão de treino. Concentração total no AGORA, e não no depois. Pensar no depois tira a concentração, é fatal. Se você está indo bem e pensa “oba! Vou tirar mais de 80!” você começa a ficar empolgado e erra questões por distração. Se as primeiras questões foram difíceis e você pulou você pensa “droga, esse simulado vai me deixar triste ainda hoje” e você perde a confiança necessária para resolver questões mais sofisticadas.
- Recomendo fazer da 1 a 90 na primeira leitura porque assim você sempre sabe exatamente a sua velocidade na prova, é mais fácil de controlar. Claro, não precisa fazer exatamente “3 minutos” por questão, tem questão que você demora mais, tem questão que você demora menos. Mas assim você tem uma noção aproximada do quanto está demorando. Por exemplo: "passaram 2 horas e 15 de prova, eu estou na 40 ainda. Mas as primeiras matérias foram exatas, demoram mais" depois "passaram 3 horas, e eu estou na 75, perfeito..estou acelerando porque humanas é mais rápido".
- leve relógio digital com cronômetro, para você saber exatamente o tempo que passou, e não ter que ficar perdendo tempo fazendo conta do tipo "humm..agora são 4 e 10..a prova começou as 2 e 7..passaram...."
- esse método não é receita mágica, só da certo pra pessoas que, como você, estão preparadas. Quem não está acha tudo difícil sempre.
- esse método da para ser feito com perfeição a partir do treino. Recomendo que você faça todos os simulados da mesma forma.
- por fim, e mais importante dessa observação: NÃO TENHA REMORSO DE PULAR!!!! As questões da primeira lida a serem resolvidas são aquelas que você tem CERTEZA de que você matou, então, se está com 1% de duvida PULE!!! promova-a pra circulo, quadrado, triangulo ou estrela.


Ultimo comentário:
Muito boa sorte a todos vocês. Alguns dizem que “sorte é para quem não está preparado”. Pois eu digo que sorte é justamente quando alguém preparado encontra a oportunidade de sucesso. O preparo está sendo ao longo do ano e a oportunidade virá no final. Desejo sim um ótimo preparo e uma ótima prova. Portanto, mais uma vez, MUITO BOA SORTE! Aguardo vocês como calouros ano que vem.

Vergilius Neto, turma 96 (ingresso em 2008) da FMUSP.

E-mail: vergiliusneto@hotmail.com

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Nono texto

Organizando o estudo!


“Aja duas vezes, antes de pensar”

Chico Buarque


“Como começar o treino”? Essa é uma pergunta freqüente e por isso o “Quarto texto”(Abril), consultável através do histórico deste blog, aborda esse tema.

Mas na prática, como já dizia meu querido avô Octávio Nóbrega: “a maneira mais fácil de resolver as coisas é começando!”.

Então aja! Pegue uma folha de papel, um lápis, e comece seu planejamento de estudo.

Sugiro que faça seis colunas na folha de sulfite, coloque em cada uma o dia da semana, começando na Segunda-feira e terminando no Sábado, escrevendo o nome das matérias que tem na escola ou cursinho em cada dia correspondente.

Estará disposto assim um esquema da “semana mínima” do vestibulando, composto apenas pelas matérias ministradas em aula.

O que diferenciará os vestibulandos será os componentes que complementarão essa tabela, ou seja, o que fará além das diversas aulas e exercícios abordados em aula.

Você verá que há vários espaços em branco durante os períodos nos quais não tem aula, portanto, comece a completá-los tendo em vista as matérias que deverá estudar (“treinar”) nesses horários.

Complete todos os espaços utilizando bom senso: dando ênfase para as matérias que são mais fundamentais na carreira que pretende prestar.

Mas não se esqueça de que todas as matérias são importantes, e desprezar algumas em detrimento de outras é uma alternativa reservada apenas àqueles que prestam cursos menos concorridos.

Lembre-se de separar alguns momentos de descanso durante o dia. No entanto, tenha cuidado para não interpretar esses “alguns momentos” como duas ou três horas diárias de academia ou televisão.

Enquanto estava no cursinho, separei um dos dias da semana para esquecer o estudo e aproveitar para viver, isso mesmo, vestibulando também tem alguns momentos em que tem a chance de aproveitar a vida!

Particularmente escolhi o Domingo, e esse era o dia que separei para andar de bike, ficar com a família, jogar baralho com meu avô, e sair com a turma.

O resto da semana era sentado na cadeira, lápis e apostila na mão, resolvendo exercícios.

É um saco fazer e refazer as provas vestibulares? Sim, é um saco! Mas vale a pena! Não há nada mais legal do que poder escolher onde você quer estudar!

Vamos voltar à organização: tendo esse planejamento de sua semana em mãos, fica mais fácil manter a disciplina e, para isso, cole-o em um local bem visível, como a porta do seu armário e cumpra-o!

Eis a parte mais difícil, levar seu planejamento a sério! Mas se esforce para isso ao menos nas primeiras semanas, até que o seu ritmo de estudo já esteja forte e você não mais necessite dessa tabela para o disciplinar.

Caso tenha se proposto a estudar três, quatro ou mais horas após as aulas, corra atrás dessa meta até que esteja condicionado. Entretanto, lembre-se de que mais do que "horas de estudo", o que deve ser objetivado é qualidade de estudo.

Vejo essa programação de sua semana como uma boa forma de começo para quem quer entrar num ritmo de preparação diferenciado.

É como se fosse o andador que muitos bebês utilizam para aprender a andar: nem todos precisam dele para que comecem a andar, mas para aqueles que o utilizam, as coisas ficam mais fáceis e, quando não existe mais a necessidade de sua existência, nem ao menos se lembram que ele fez parte do processo de aprendizagem.

Utilize esse andador e, no final, você provavelmente verá que estará preparado para suportar uma verdadeira maratona!

Lucas Nóbrega

E-mail: realizandoumsonhomedicinausp@gmail.com


Autor em férias

terça-feira, 9 de junho de 2009

Oitavo texto


Escolher uma faculdade


O Homem é do tamanho de seu sonho”

Fernando Pessoa



Sou de São Carlos, cidade natal de duas universidades: Universidade Federal de São Carlos e a nossa querida Universidade de São Paulo.

Desde sempre, para mim, fazer faculdade sempre foi sinônimo de escolher entre a USP ou a UFSCar.

Escolhi USP devido a estar entre as duzentas melhores faculdades do mundo segundo o The Times Higher Education Supplement e a sua incomparável infra-estrutura educacional: é a maior universidade do país.

Para mim, estudar na USP sempre foi um sonho óbvio, mas entendo que para muitas pessoas a escolha não seja tão óbvia assim.

O Brasil tem ótimas universidades e para quem não é tão tendencioso quanto eu para escolher a Universidade de São Paulo, a indecisão é bastante grande.

Na realidade, como o vestibular para as boas faculdades é um grande desafio a ser ultrapassado, “escolher uma faculdade” diz respeito principalmente a um sonho. E não se esqueça, “o Homem é do tamanho de seu sonho”!

Escolher uma faculdade representa um sonho pois mesmo que ele seja o de cursar uma universidade específica, você acabará prestando também vestibulares para outras instituições para aumentar o cenário de possibilidades de entrar em um curso superior.

Você terá a oportunidade de realmente “escolher” uma faculdade somente quando saírem as listas de chamada, com seu nome estampado nos jornais, comprovando que passou em mais de uma instituição.

Mas se somente após a listagem para matrícula há a possibilidade de escolha, por que é importante ter em mente a universidade pretendida?

A resposta é bastante simples: para se preparar para os exames vestibulares.

Saber em qual prova quer mais passar ajuda muito na hora de estudar, pois o tempo é limitado, e dar prioridade para o sonho é uma postura lógica.

Com relação às provas: os exames são bastante diferentes entre as instituições, ainda que a matéria seja a mesma, o que torna a preparação mais fácil caso haja escolha por uma determinada instituição.

O conselho que fica é buscar informação sobre as instituições através da internet e de visitas monitoradas, e a partir daí tomar a decisão sobre qual delas mais se encaixa em seus objetivos.

Para a USP em particular, as visitas são gratuitas e tem calendário no site “Universidade e as profissões” (http://www.usp.br/prc/uniprof/visitas2009/index.php). Foi através de uma dessas visitas que me apaixonei pela Pinheiros!

Uma vez tendo em mente a faculdade, o segundo passo é começar o treino, utilizando as provas anteriores daquela instituição como grande guia de estudos.

Não que você vá realizar exercícios apenas do vestibular que você mais quer prestar, mas o ideal é ter algum direcionamento para ter por onde começar e em que material se basear.

Espero que a sua escolha seja pela USP e, nesse caso, indico o site da FUVEST, que é muito organizado e disponibiliza diversas provas anteriores (http://www.fuvest.br/)

Rumo a universidade!

Lucas Nóbrega 

Sugestões: realizandoumsonhomedicinausp@gmail.com

domingo, 3 de maio de 2009

Sétimo texto

O outro lado.

 

“Quando a noite for tão escura a ponto de você não conseguir vislumbrar suas próprias mãos, pode ter certeza que o amanhecer está muito próximo.”

Provérbio chinês

 

Após entrar na faculdade algo bastante estranho acontece: você esquece toda a dedicação que teve para passar no vestibular.

Não que você conscientemente não se lembre de seu esforço anterior aos exames, mas tudo parece ter tido um rumo bastante natural e ameno, quando, pelo contrário, o trajeto foi realizado entre tornados e tempestades.

Uma fábula, a qual transcrevo a seguir, escrita por um grande amigo da faculdade, o César, ilustra essa transição. Espero que gostem!

 Lucas Nóbrega

Sugestões: realizandoumsonhomedicinausp@gmail.com

 

Injeção de ânimo.

por Cesar Mietti

 

            Certa noite, um jovem andarilho, após horas de caminhada avista uma velha cabana. Seu cansaço o fez parar e pedir ajuda, já que estava com muita sede e fraqueza muscular. Bateu à porta e, após uns instantes, um velho homem abre e assiste o jovem, dando-lhe água e comida para que recuperasse suas forças. Após perceber que o homem já havia se recomposto, perguntou-lhe:

            - Aonde vai, meu jovem, com tanta pressa?

            - Tenho que chegar ao outro lado daquele rio – respondeu o jovem.

            - O que procura lá?

            - Não sei ao certo, mas sei que devo atravessar, creio que do outro lado muitas coisas que não entendo se encaixarão.

            - Entendo, já vivi momentos como esse – indagou o velho.

            - O que vê do outro lado?

            - Vejo um mundo novo, onde me sentirei livre para desenvolver minhas idéias, onde a derrota não me alcançará tão fácil e a inspiração me virá sempre que precisar.

            - E aqui não o vê? – perguntou o velho

            - Não, meu senhor, aqui estou com as mãos atadas, perturbado pelos fantasmas de meus medos e aflições, aqui calo meu choro todos os dias com a esperança de um milagre, meu nervosismo não me permite pensar, é como se o mundo estivesse acabando. E essa escuridão não acaba, onde está a luz do dia?

            - Calma, meu jovem, já senti isso também. Com a sabedoria que adquiri com meus anos de vida, aprendi como passar por essa fase. Quando tinha sua idade, me vi impaciente com a lentidão e a incerteza do tempo, mas conheci várias pessoas que também passaram por isso ao meu lado e, juntos, enfrentamos esses fantasmas e vencemos. Com a amizade, o companheirismo e o desejo de ajudar as pessoas, o desespero foi aos poucos dando lugar à compaixão e a gratidão, armas fundamentais nessa guerra que lutei. A diferença entre nós dois é que você procura o outro lado do rio e eu procurei o alto da montanha. Lá o Sol nascia primeiro e, junto com ele, minha felicidade. Consegui.

            - O senhor acha que consigo também? – perguntou o jovem com seus olhos tomados por lágrimas.

            - Sim. Vejo em seus olhos o jovem que fui, a mesma feição, a mesma coragem. Você será vitorioso, meu jovem, e certamente observará que você não está sozinho na travessia, há outros corajosos rumo ao Mundo Novo. Ajude-os, console-os, ouça-os, só assim você verá o tempo acelerar e se tornar mais certo e quando parar para descansar, já estará do outro lado. Isso é tudo o que eu posso lhe dizer.

            E assim, o jovem se despediu do velho, que lhe deu uma cesta de comida e um lampião, para que se guiasse na escuridão. Após alguns dias de viajem, chegou à margem do rio, onde se iniciaria a travessia. Lá havia várias outras pessoas. O curioso é que todas elas seguravam uma cesta de comida e um lampião...

            

‘Amigos, estou com vocês nessa luta, sei do medo que sentimos por dentro e do quanto a possibilidade de derrota nos aflige. Digo para vocês, isso terá um fim. A luz chegará e, quando percebermos, já estaremos do outro lado. Vocês que perderam a inspiração de continuar, lembrem-se do aluno que começou há, sei lá, uns 2, 3 ou mais anos a travar essa guerra. Será que aquele ser, cheio de esperança, sumiu de fato? Não, ele ainda vive, mas assolado por fantasmas, que se chamam cansaço, desespero, solidão, tristeza... Mas há como derrotá-los, basta lembrar que lá fora há um mundo pelo qual vale a pena ser batalhado, onde nos vemos mais velhos, felizes, realizados, médicos, enfermeiras, biólogos, advogados, enfim, vemos nossa idealização, podemos senti-la pulsando em nossas veias. A cesta de comida carrega nossos sonhos, nossa chave para o Mundo Novo e a chama do lampião irradia nossa esperança, nosso altruísmo, nossa coragem e nossa força de vontade. Não tenham medo de dizer a si mesmos que vocês irão passar, ninguém ou nenhuma força oculta irá castigá-los.

 Espero, sinceramente, que lhes tenha ajudado com o que disse e, caso necessitem, aqui estarei para conversar... Vejo vocês do outro lado. FORÇA, GENTE!!!’

 

                            Cesar Augusto de Almeida Mietti”

 


 

domingo, 26 de abril de 2009

Sexto

Grandes objetivos no início do ano.


“Acredito que a chave para conciliar tantas atividades e ser feliz, este sim o maior sucesso que alguém pode atingir, é nunca perder o entusiasmo.”

Ivo Pitanguy


Sabe aquelas promessas que todo mundo faz para o ano novo: de que o próximo ano irá mudar, de que irá emagrecer dez quilos, de que entrará na academia, de que irá estudar...

Pois é. O início do ano e o do cursinho parecem bastante com isso. As pessoas estão se recuperando da decepção e da tristeza de não terem entrado na faculdade, e então começam a "viajar na maionese".

Declaram aos quatro ventos que aprenderam a lição e que irão mudar, vão treinar pra caramba, dar uma raça e entrar na faculdade. Vão fazer todos os exercícios do caderno de exercícios, vão devorar “Os intocáveis”, vão ler todos os livros da lista obrigatória.

Se você está familiarizado com esse panorama, se você está vivendo isso, respire fundo, e agüente firme, pois toda essa animação tende a passar nas primeiras semanas, após meia dúzia de simulados e após algumas listas de exercícios não resolvidas.

As pessoas tendem a se enganar pensando que as coisas serão fáceis quando um novo ano está se anunciando, tendem a associar a mudança de ano a mudança de postura. A questão é que elas não andam necessariamente juntas.

Seja realista! A vida de vestibulando não é um mar de rosas - pelo menos para aqueles que estão levando a sério. 

Você terá de treinar vários exercícios, corrigir diversas falhas, encarar a competição e ouvir a vovó falar que o neto da amiga dela passou no vestibular.

Acredito que, se todo entusiasmo do começo do ano pudesse ser guardado numa garrafa e aberto nos momentos necessários seria bem mais fácil atingirmos nossos objetivos. Afinal, é ele o que falta para as pessoas durante o ano.

Entusiasmo para aprender uma matéria chata ou difícil, para retomar e aumentar o ritmo de estudo depois de ter ido mal num simulado, para ficar sentado na cadeira debruçado sobre os livros até que a bunda fique quadrada. Entusiasmo, eis umas das características que faz a diferença entre os vestibulandos!

Você verá que muitas pessoas usam todo o ânimo que teriam durante o ano nos primeiros meses, e então tendem a se afundar em comodismo e aceitação.

Você certamente terá colegas que falarão que querem entrar em cursos difíceis como direito ou medicina e então mudarão de idéia no meio da preparação, em busca de cursos mais fáceis. Talvez essa pessoa tenha mesmo "se encontrado" em outra carreira, ou talvez, essa pessoa tenha "se escondido" em outra carreira.

O fato é que você encontrará esses dois tipos de pessoas, e com um espírito observador conseguirá distinguí-las facilmente.

Espero que tenha um sonho e não desista facilmente dele, como a maioria das pessoas o fazem. Corra atrás de seu sonho até o fim, até a última gota de suor, ainda que tudo pareça conspirar para que você não o atinja.

A verdade é que você terá, diversas vezes no ano, vontade de desistir. Pensará que não está preparado o suficiente para prestar o exame, e que não conseguirá se preparar o suficiente.

Em Agosto e Setembro senti diversas vezes vontade de desistir, apesar dos bons resultados nos simulados e no vestibular da Federal de Ouro Preto no meio do ano. A sensação era de que precisava melhorar mais, aumentar o rendimento.

Analisando a situação, o fato é que estamos tão cansados no final do ano que temos muitos altos e baixos, sentimentos de sucesso e de fracasso ao mesmo tempo.

Mas tudo isso é normal, procure aproveitar tais indecisões para se manter em preparação e não se acomodar.

Para superar tudo isso é necessário entusiasmo, justamente aquele que muitos desperdiçam no começo do ano. 

Tenha-o no começo do ano, pois é estremamente necessário em todo recomeço, mas lembre-se de manter e guardar um pouco para o final, quando fará a diferença entre correr atrás do seu sonho ou se refugiar num objetivo menor. "Nunca perder o entusiasmo!"...


Lucas Nóbrega

Sugestões: realizandoumsonhomedicinausp@gmail.com

domingo, 19 de abril de 2009

Quinto texto


"Como está a faculdade?"

“A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, e sim em ter novos olhos” 
Marcel Proust

        Olhando para esse último ano que passou, posso dizer que a faculdade está muito boa!

Apesar de o ciclo básico não contar na maior parte dos casos com professores com experiência clínica, e isso ser muito pesaroso, a faculdade foi muito interessante até agora!

Mas vamos começar do começo. O curso de medicina da Universidade de São Paulo é divido em 3 ciclos: básico, clínico e internato.

O ciclo básico compõe as matérias que formarão a base para a vida clínica do médico; o clínico é uma passagem pelas diversas especialidades e um primeiro contato com pacientes; e o internato é o aprendizado da medicina na prática, através de estágios no Hospital das Clínicas e no Hospital Universitário.

Vou falar mais sobre o ciclo básico, pois é o que estou cursando.

Bem, esse ciclo contém matérias fascinantes, ministradas por professores maravilhosos, mas também muitas matérias desconexas, abordadas por professores aparentemente pouco preocupados com didática e com as dificuldades do público estudantil.

Todas as matérias do ciclo básico fazem sentido na carreira médica, e certamente são de fundamental importância para o exercício da profissão. No entanto, a forma com que muitos pesquisadores abordam os temas é demasiadamente desestimulante.

Na maior parte das vezes nossos professores das matérias básicas se preocupam mais em informar do que em formar futuros médicos, descarregando gigantesca gama de informação sem que tenham filtrado de maneira a incentivar o estudo e a busca do conhecimento.

Quem já teve aulas na faculdade sabe como é: parece que há professores que esqueceram que foram alunos um dia.

Independentemente dessa triste abordagem dada por muitos de nossos pesquisadores lá na Cidade Universitária, o curso é fascinante por abordar uma matéria preciosíssima: o ser humano!

Quanto à rotina: acordar pela manhã em um horário que seja o suficiente para chegar de ônibus até a USP.  Passar o dia lá, e só voltar para casa após as aulas da tarde.

Para quem não conhece São Paulo, a Cidade Universitária fica às margens do rio Pinheiros, e a Faculdade de Medicina e o Hospital das Clínicas ficam na Av. Dr. Arnaldo. O ônibus Butantã-USP faz esse percurso entre 20 min e 1 hora, dependendo do trânsito. 

Assim, como no cilclo básico a maior parte das aulas é proferida nos departamentos de Ciências Biomédicas, Anatomia e Química da Cidade Universitária, todos os alunos têm de se transportar até lá todas as semanas até o final do terceiro semestre, quando a maior parte das disciplinas passa a ser ministrada na nossa querida “Casa de Arnaldo”.

Como definiria o curso de medicina até agora? A medicina até agora significou "aprender a eleger prioridades".

Parece bastante simples saber o que você quer ou não fazer, e a realidade é que é mesmo fácil, no entanto, sendo um curso integral no sentido literal da palavra, o curso de medicina impõe um ritmo bastante puxado, caso o aluno freqüente as aulas e leve a sério as avaliações. A restrição de tempo impõe a eleição de prioridades.

O que acho mais legal, e o que motiva muito a fazer medicina e a estar aqui em São Paulo, apesar dos desafios que a cidade impõe, é o contato com nossos professores médicos que nos ensinam não só a técnica, mas a arte da medicina.

Médicos renomados nos dão aulas e muita atenção, sentimos um grande carinho dos professores aqui da faculdade.

Particularmente, minha maior motivação na medicina foi dada pelos professores Marcos Tavares, que me iniciou no contato com cirurgias, e pelo professor Eduardo Mutarelli, que me ensina sobre o que significa ser médico e valorizar nossas vidas.

Lidar com o ser humano é fantástico! Ainda que no ciclo básico ele esteja representado pelas lâminas de histologia e pelas rotas metabólicas de bioquímica. 

Mas o que sem dúvida motiva realmente a fazer medicina, com grande orgulho, são nossos pacientes e professores do Hospital das Clínicas e da FMUSP!

 Lucas Nóbrega

Acadêmico da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo 

Sugestões: realizandoumsonhomedicinausp@gmail.com

 

sábado, 11 de abril de 2009

Quarto texto

Como começar o treino.

 

"Experiência é o que você consegue, quando você não consegue o que você quer." 

Randy Pausch


Existem truques para entrar na faculdade? Existem truques para passar no vestibular? Apesar de tudo que as pessoas falam, acredito que existe sim um truque infalível para entrar na universidade,  o qual consiste em:  realizar provas anteriores.  

É natural que neste início de ano e de preparação para o vestibular a questão que passe na mente de todos seja o que pode ser feito de diferente neste ano em relação aos anos anteriores na busca de aumentar as chances de entrar na faculdade.

Realizar listas de exercícios quilométricas, ler os livros da lista de leitura obrigatória, e estudar através de diferentes livros e apostilas aumentam sim as chances de passar nos exames, no entanto, existe uma restrição enorme de tempo que impede os vestibulandos de estudar “tudo de tudo”, ou seja, todos os temas de todas as disciplinas. Isso torna necessária a eleição de prioridades de estudo.

E em termos da eleição de prioridades, talvez a estratégia mais bem sucedida seja encarar durante o treinamento aquilo que iremos encontrar nos exames, ou seja, as provas. Mas isso, apesar de ser o óbvio, normalmente acaba sendo esquecido.

Listas de exercícios e leitura de livros reproduzem o formato dos exames muito precariamente, pois são normalmente compostas por exercícios de vários vestibulares e por textos em formatos diferentes daqueles pequenos trechos cobrados no exame.

Ao invés de ler a biblioteca inteira para estar bem preparado para as provas, sugiro que faça o contrário, leia as provas e esteja preparado para procurar nos livros o que ainda não sabe.

Talvez o método mais eficaz de preparação seja aquele que as pessoas menos pratiquem: resolver as provas anteriores.

Os simulados são um ótimo treinamento, e é por esse motivo que a carga de simulados de cursinhos está usualmente relacionada com sua qualidade. No entanto, a falha dos simulados está em cobrir por blocos as matérias exigidas nas provas, acompanhando o ritmo das diversas matérias ministradas no cursinho, e não exigindo do vestibulando nenhuma matéria que ainda não tenha sido abordada.

Resolver provas anteriores é algo muito mais eficaz que os simulados nesse sentido, pois cobrem, naturalmente, a integralidade das matérias e além disso, consistem exatamente no formato de avaliação que será utilizado para colocar as pessoas na universidade.

Como começar? A resposta é: traçando metas. Ou seja, montando um calendário que inclua quantas provas anteriores e em qual período serão realizadas.

No meu caso, por exemplo, que sempre quis entrar na Universidade de São Paulo, tracei que durante meu ano de cursinho teria de fazer ao menos 10 provas de primeira fase dos vestibulares anteriores até o final de outubro. E foi o que fiz.

Onde você encontra as provas anteriores? Você as encontra no site da instituição que faz as provas da universidade pretendida. Gosto muito da USP pois as provas anteriores podem ser facilmente acessadas através do site da FUVEST (www.fuvest.br).

Outro item importante é: reproduza o tempo das provas enquanto as realiza. Ou seja, se a questão terá de ser resolvida em 3 minutos no vestibular de verdade, use esse tempo durante o treinamento, e não esteja contente até que consiga fazer o exame inteiro no tempo estipulado.

E quanto as respostas para as questões, é só procurar nos sites de grandes cursinhos, pois eles disponibilizam a resolução dos vestibulares anteriores gratuitamente.

Se não é a primeira vez que você está fazendo cursinho, e se você já tem todas as suas apostilas e livros com os exercícios respondidos, mude de enfoque: procure as provas anteriores e resolva-as. E se lembre de estipular metas e prazos, pois eles ajudam a verificar se está ocorrendo progressos durante o treino.

Talvez seja um saco utilizar esse método, e mais do que isso, talvez dê muito medo e ansiedade tocar nas provas anteriores. Mas tudo isso é normal, e o que mais motiva é que funciona!

Lucas Nóbrega

Acadêmico Faculdade de Medicina USP.

Sugestões: realizandoumsonhomedicinausp@gmail.com

domingo, 5 de abril de 2009

Terceiro texto

Mudança de curso

"A vida é a arte do encontro embora haja tantos desencontros pela vida."

Vinícius de Moraes

A vida é feita de desafios, e o vestibular é um deles! No entanto, um dos momentos ainda mais desafiantes é passar no vestibular e então perceber que o curso no qual entrou não é o que você gosta.

Assim como muitas outras pessoas, sou um felizardo, pois entrei em um curso que amo: aprender sobre o ser humano, sua constituição física e mental e buscar expandir a vida é algo que me encanta e me motiva a estudar!

No entanto, as pessoas que não encontram o curso na primeira ou segunda tentativas não devem desanimar, mas muito pelo contrário, devem se motivar, pois há muitas oportunidades e opções de curso nas universidades brasileiras.

Tempos atrás, por exemplo, no ônibus circular da Cidade Universitária, encontrei uma garota. Começamos a conversar: ela era estudante de Turismo da USP e estava adorando seu curso, entretanto esse era o segundo curso que tinha iniciado, pois antes disso tinha começado engenharia, e no ITA!

Tinha deixado São José dos Campos em direção a São Paulo, pois não se sentia bem num futuro ambiente de trabalho tão competitivo e devastadoramente masculino.

Provavelmente ela tenha feito muito certo em ter deixado a engenharia, pois pelas suas palavras, realmente não gostava da área, mas só descobriu isso depois de entrar na faculdade e verificar sua paixão pelo Turismo.

Apesar de a sociedade nos dizer que devemos encontrar nossa carreira o mais rápido possível, não há regras! Devemos sobretudo encontrar aquilo pelo que nosso coração bate mais forte.

Caso você não esteja gostando de sua futura área de trabalho, pense sim em reavaliar seu curso e a compatibilidade dele com seus projetos pessoais. Caso realmente pense que a melhor coisa a fazer é buscar outra carreira, aja! Mas aja com responsabilidade!

Em outra ocasião, encontrei uma outra garota, da arquitetura, que disse que seu verdadeiro sonho era cursar não arquitetura, mas medicina, e estava pensando em prestar exame vestibular no próximo ano.

Cursar medicina não é um mar de rosas, pois você deve se dedicar bastante e saber administrar a restrição de tempo do currículo médico a fim de ter algum tempo para si mesmo, mas caso seja isso que você realmente gosta, vale muito a pena, pois adorar o que se faz é fundamental por nos dar entusiasmo!

Mas como saber se a carreira pretendida é algo que você realmente gosta? A resposta talvez esteja em ir em busca da prática, de amigos profissionais que aceitem você por um dia ao seu lado para ver o que é o dia-a-dia daquela profissão.

Agora, quanto a sair de um curso de graduação bom como arquitetura na USP e mudar de carreira, deve-se ter cautela, pois já dizia a vovozinha que “é melhor ter um pássaro na mão do que dois voando”, e nesse caso, sair da faculdade é permitir que o passarinho da mão escape.

Deixar a faculdade, entrar num cursinho e buscar a nova carreira é um recomeçar! Deve-se estar atento para o fato de que deixar o atual curso envolve riscos como o não passar no próximo vestibular. E isso pode se tornar um stress caso não seja psicologicamente bem administrado e visto como um período de preparação e de reinício.

Talvez o ideal seja trancar a faculdade ao invés de deixar o curso, e então ir em busca dos exames. Agir racionalmente em períodos de transição de objetivos de vida não é nada fácil, mas é o que pode aumentar as chances de o sucesso ser maior nas escolhas futuras.

Se você quer sair do curso que está cursando saia, mas faça isso de forma racional e planejada, para que a decisão não pareça como a de uma criancinha que muda de présinho por não ter se acostumado com as “tias”.

Se você já cursa uma faculdade e está pensando realmente em mudar de carreira prestando novamente o vestibular, ótimo, pois "a vida é a arte do encontro"!

Lucas Nóbrega

Acadêmico Faculdade de Medicina USP.

Sugestões: realizandoumsonhomedicinausp@gmail.com

sexta-feira, 27 de março de 2009

Segundo texto

Escolha da carreira: vá em busca da prática!

“O homem deve criar as oportunidades, não apenas encontrá-las.”
Francis Bacon

Parece que ao andar na rua e nos encontros com a família, temos uma tatuagem na testa escrito: "Vestibulando". A qual faz com que nossos amigos e familiares olhem para nós e então perguntem : “E o vestibular? Estudando muito?”
Nesse momento você deve se conter, pois dá vontade de não ser a pessoa mais educada do mundo e emendar diversos palavrões como resposta a esse recorrente cumprimento. E se acostume, pois será natural todos os tios o virem e logo indagarem sobre os estudos. 
Essas questões ficam ainda mais freqüentes quando você ainda não tem definido qual carreira desejará para seu futuro, pois nessa ocasião todo mundo, até mesmo seus conhecidos que estão desempregados virão dando conselhos sobre profissões e mercado de trabalho, várias vezes sem saberem ao certo qual a realidade atual do mercado: as pessoas mais velhas provavelmente indicarão aquelas profissões que sonharam para elas mesmas mas não conseguiram realizá-las.
Apesar de tudo convergir para que você tenha as maiores dificuldades da sua vida para decidir qual será sua carreira, não se assuste, pois isso é normal. 
Muitos dirão para você escolher bem porque será uma escolha para sua vida toda. Particularmente, prefiro encarar a escolha da carreira como algo transitório que poderá se tornar definitivo caso você realmente goste da área escolhida.
Participar de feira de profissões é uma boa para quem se acha perdido dentre as várias carreiras. “Teste de aptidão” em psicólogos é algo que penso ser uma faca de dois gumes pois ao mesmo tempo em que pode direcionar você para uma determinada escolha, pode induzi-lo de modo inconsciente a se restringir àquela determinada opção.
Não precisei de “teste de aptidão” para me decidir, mas é louvável que quem tenha vontade de fazê-lo teste-se, pois é um instrumento desenvolvido na tentativa de auxiliar as pessoas.
Minha sugestão é que você, tão logo tenha escolhido uma determinada área ou carreira, através de leituras, ou mesmo de feiras para estudantes, vá em busca de informações práticas sobre o que realmente um profissional dessa área faz no dia-a-dia.
Perguntar para seus pais e familiares se têm algum conhecido que trabalhe na área é muito interessante, pois podem indicar pessoas que receberão você com prazer no ambiente no qual trabalham. 
Esta foi a maneira pela qual me encantei pela medicina: acompanhei dois médicos durante um dia cada, no qual eles me mostraram o ambiente de trabalho, as facilidades e dificuldades diárias. 
Valeu a pena, ainda mais pelo fato de um deles ser clínico geral e o outro cirurgião pediátrico. Sou muito grato ao doutor Adriano Del Valle e ao Valter König, pela motivação que me deram durante o processo de escolha da profissão.
Ambos são amigos dos meus pais, e foram fundamentais para minha aproximação da medicina, afinal, não tenho nenhum parente médico, o que fazia com que entrar no ambiente de um hospital parecesse algo bastante difícil e complicado.
Na realidade, todo sonho que vislumbramos realizar parece, ao menos por um instante, estar além de nossas capacidades, parece ser "difícil e complicado", ainda mais passar num vestibular concorrido de alguma boa faculdade pública. 
Mas esse sentimento de incapacidade é ao que tudo indica, parte do processo de preparação e treinamento. Finalizando, procure hoje mesmo algum profissional da carreira que você pretende cursar. Tenho certeza de que você não se arrependerá, pois muito mais do que se informando, você estará vivenciando por alguns instantes sua futura profissão. Mãos a obra!

Lucas Nóbrega, 20 anos
Acadêmico da Faculdade de Medicina da USP

Realizando um sonho medicina USP

“Realizando um sonho: MEDICINA USP” é um Blog escrito por ex-vestibulandos que entraram nos mais concorridos vestibulares de medicina do país e escolheram a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Os textos são voluntariamente escritos objetivando motivá-lo a entrar na maior universidade do Brasil: nossa querida Universidade de São Paulo."

Lucas Nóbrega

E-mail: realizandoumsonhomedicinausp@gmail.com